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Pixo, logo existo

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Foto: autor desconhecido

O trabalho autônomo executado no espaço público por uma molecada, combatido durante toda sua existência, chega aos tempos atuais apaziguado pelo marketing.

A necessidade de renovação dos apelos usados pelo marketing – como a noção de identificação – levou a situações peculiares nos tempos atuais. Carros ecológicos, bancos que nem parecem banco, refrigerante zero, ensaio de fotográfico de moda durante manifestação anti-globalização…

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Funcionário municipal apagador de pixações

Em São Paulo a pixação foi perseguida ferozmente nos últimos anos e o grafite foi eleito a bola da vez na “street art”. Diferentemente do trabalho realizado há anos por jovens da periferia da cidade (office-boys, ajudantes gerais, estudantes…) que escalavam alturas ignorantes para deixar a marca de seu grupo, os desenhos coloridos mais trabalhados e realizados mais ao nível do solo despertou o interesse de jovens com poder de compra. Jovens de classe média se interessaram pelo assunto e não só passaram a admirar mas também a acessar as técnicas do spray.

As grandes marcas de produtos juvenis ganharam uma estética pronta para copiar, usar, abusar e a qual poderiam atrelar temporariamente seu logotipo. Como toda estética da cultura de massa, após o hype e a exclusividade de um pequeno, seleto e, portanto, especial grupo, veio o vazamento, o momento em que outros muitos grupos se apropriam da estética. Na sequência veio a massificação, quando a produção em massa chega aos grandes distribuidores e todos, então, ganham a “permissão” de acessar aquele “estilo” e os grupos da era hype o abandonam.

A apropriação do grafite pelas empresas e agências de publicidade, como em outras tantas atividades da cultura de resistência, não impede que a atividade se desenvolva. Seu curso, porém, é fortemente alterado. Para além das discussões artísticas, as de ordem ideológica ganham força, qual é o grafite de verdade, qual é o grafiteiro vendido, todos têm que sobreviver, como resolver o dilema, qual o limite, isso e aquilo…

Em geral, os opositores destas culturas se esquecem do velho dito: onde há fogo, levaremos gasolina.

Obs. Pixar(sic): grafia utilizada aqui em referênca àquela habitualmente utilizada pelos pichadores para pichar

Relacionados:
Pixo, coleção de fotos, grupo do flickr

Written by panopticosp

janeiro 9, 2008 às 19:59

Publicado em cultura urbana

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5 Respostas

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  3. […] seus verdadeiros seguidores são pixados. Ou pichados. Enfim, com xis ou ch [não há consenso], a pixação ganha sua primeira exposição coletiva numa galeria neste sábado, na Psicodelia Rústica, Vila […]

  4. UMAS DAS COISAS QUE NUNCA IRA DE DEIXAR DE EXISTIR NA CIDADE DE SÃO PAULO É A INTERVENÇÃO, AMODIFICAÇÃO NO ESPAÇO E NO CAMINHO DA POPULAÇÃO.
    INTERVIR É PRATICA DETERIORAR É O FATO.

    "FISCAIS"

    outubro 18, 2008 at 16:32

  5. Pixação ou pichação, é uma atividade ILEGAL, cometida por VÂNDALOS, que deveriam ir para a CADEIA.

    O cidadão gasta seu dinheiro, quer deixar sua casa ou loja mais bonita, manda pintá-la, capricha, e aí vem um IDIOTA VAGABUNDO e SUJA TUDO.

    Querem “se expressar”? PEÇAM LICENÇA ao proprietário do imóvel primeiro. As cidades ficam SUJAS, POLUÍDAS e FEIAS graças à imensa maioria das pichações, cometidas por gangues de marginais. Para cada pichação bonita e criativa, há MILHARES que são apenas rabiscos feitos para demarcar áreas de grupos criminosos.

    Normal

    março 15, 2009 at 20:06


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